Vou confessar uma coisa, ontem, em cada momento livre que tive no trabalho, fiquei vasculhando este blog. Foi como se estivesse sentada no chão revirando as minhas velhas caixas de recordações. Quanta coisa mudou, quanta continua do mesmo jeito, quanta bobagem escrita, quanto texto bom "perdido"! Ler algo que escrevemos há um tempo nos remete a uma idéia muito clara de nós mesmos, do que sentíamos, do que queríamos, das nossas opiniões, de quem éramos ou pensávamos ser, no que nos tornamos.
Esta foto aí embaixo retrata bem a época em que eu estava vivendo, quando escrevia quase que diariamente no blog. Tudo está tão diferente! As minhas preocupações, interesses, anseios e prioridades definitivamente não são as mesmas, e a gente sempre é tentado a achar que mudou pra melhor. Eles cresceram, eu amadureci um pouco mais.
Tenho um projeto em mente, há muitos anos: deixar uma espécie de material escrito sobre mim e Crispim para nossos filhos. Não é bem um livro, é mais um punhado de informações, tipo um acervo onde eles poderiam ter acesso a cartas, textos, depoimentos, conselhos, enfim, algo a que eles poderiam recorrer, quando não estivermos mais aqui.
Na verdade, eu sempre quis muito ter algo assim. Como seria bom se tivéssemos onde pesquisar sobre as pessoas que amamos, cujas referências são tão importantes para nós, sobre parentes próximos ou até mesmo sobre certas figuras interessantes que conhecemos nesta vida! Já imagino um arquivo enorme com os títulos em ordem alfabética, organizados em pastas suspensas rsrs. Teria que ser em papel mesmo, a maior parte escrita de próprio punho, com fotos desbotadas misturadas a bilhetinhos, cartões-postais, recordações de alguma viagem especial. Nada arquivado de forma digital, que parecesse estéril e impessoal. Até os posts escolhidos deste blog teriam que ser impressos, um a um, e as fotografias do Instagram, reveladas.
Algo concreto para a posteridade, para os netos e bisnetos que talvez não venhamos a conhecer, mas que terão interesse em saber sobre nós. Não é algo para soar como uma pretensão de ser eterno ou inesquecível, mas uma forma simples de compartilhar momentos valiosos que aconteceram no passado, e que, de alguma forma, exercerão influência em suas vidas ou, no mínimo, despertarão curiosidade. Como diz uma música que eu gosto muito: "eternidade é, na verdade, o amor vivendo sempre em nós." Exatamente isso, talvez deseje uma forma de documentar aquilo que aprendemos e vivemos sobre o amor e a sabedoria, a fé e a esperança.
Bom, voltemos ao que viemos fazer. Peço desculpas aos leitores mais assíduos deste blog, àqueles que talvez se cansem com o recorrente apelo ao meu querido Drummond ( mas penso eu que, ao escrever, devemos ter a humildade de pegar as palavras certas já escritas por alguém, quando não temos outras melhores): "O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente."
É daqui, então, que iremos seguir.