Acabo de assistir ao Jornal das 10 na Globo News, logo depois de ter assistido ao Jornal Nacional, mesmo tendo assistido ao Jornal Hoje, à tarde. E, para variar, os grandes jornais do país trazem-nos a trágica notícia de uma enchente que deixou afogada a cidade do Rio de Janeiro.
Famílias inteiras mortas, pais que não puderam salvar os filhos, filhos que não puderam salvar os pais, casas inteiras perdidas, mais de 1400 pessoas desabrigadas, enfim o retrato de uma catástrofe de partir os corações e roubar lágrimas de quem fica sabendo e de quem vivencia a absurda situação que relato.
E, claro, como tudo de ruim que há neste Brasil, isso tem, como autor ( e você já deve ter inferido), os nossos queridos políticos! OOOHHH (que novidade)!! Não podemos culpar a Natureza, jamais! As chuvas são normais e esperadas nessa época, no Rio de Janeiro. Porém, que se faz para preparar a cidade para fenômenos como a enxurrada que há 36 horas vitimiza a cidade? Eis o que se faz: são permitidas construções irregulares, destrói-se a vegetação dos morros, vegetação essa que evita a erosão do solo; urbanizam-se favelas, em vez de removê-las a um lugar de menos riscos; é feita uma sorte de malfeitos, afinal.
Mas...por que e para que, se existe a consciência de todos os riscos e de todas as conseqüências danosas de tais ações? Simples: o egoísmo de cada autoridade que está à frente de nossa cidade, de nosso estado, de nosso país sobrepuja as necessidades essenciais à população!
No ano de eleição, o candidato, que “não é besta nem nada”, vai logo atrás de fazer um puxadinho aqui, um acolá: vai construindo à torto e à direito, atabalhoadamente, sem quaisquer projetos, fazendo obra pra inglês ver e pra nele o povo votar. E isso é um ciclo vicioso e trágico, que resulta em horrores como o de que o Rio de Janeiro está sendo palco. Acontece a catástrofe, e quem nossos bondosos politiquinhos culpam? “Mainha” Natureza, é claro!
Mãe Natureza é o c*, Mãe Natureza p* nenhuma! Os culpados, aliás os assassinos responsáveis pelas mortes de mais de 100 pessoas, são os péssimos, atrozes, egoístas, hediondos políticos que escolhemos para estarem chefiando nossa população, nosso país!
É preciso que façam, deveras, pela população. É preciso que tomem medidas que abranjam o conjunto e, não, medidas em áreas isoladas; é preciso que se façam projetos em concordância com o todo e não com uma parte da cidade, resultando em obras desorganizadas, atabalhoadas; é preciso, mormente, sensibilidade por parte desses que dizem estar por nós e querer nosso bem-estar, já que, enquanto estão aconchegados em suas camas assistindo a noticiários como os de hoje, há quem esteja abandonado, sem casa, com frio, com fome.
É necessário que saibamos quem escolher para governar e que exijamos o mínimo de decência de quem governa. É mister que aflore o altruísmo no ser humano, em detrimento do egoísmo, o amor, em detrimento da raiva, da ganância e do ódio.
Eu chorei, me emocionei muito assistindo à reportagem do Jornal das 10, ouvindo depoimento de quem sofreu perdas de entes amados e de bens, como a própria casa; vendo o estrago material e psicológico resultante de tamanho caos. E vim aqui dividir minha dor com vocês e pedir que cada um que venha a ler esse texto diga uma prece, pedindo para Deus olhar os desamparados e mitigar o egoísmo humano, real culpado de nossa desgraça.
Rio de Janeiro? Cidade Horrososa, cheia de desencantos mil, ânus do meu Brasil.
Carlos Eduardo Gadelha