quarta-feira, 29 de junho de 2011

Continuo por aqui...

Faz tempo que eu não escrevo aqui no blog, e sinceramente, apesar de ter um monte de justificativas (o modem quebrado e depois a desinstalação completa para reordenar os pontos elétricos nos quartos), o fato é que estou sem nenhuma inspiração, não tenho nada a dizer!! Sabe quando você procura alguma coisa pra falar e não encontra?! Ainda que fosse uma besteira para quebrar o gelo... Mas nada!! Não viajei no São João, a nossa casa continua em obras, os meninos estavam com muita alergia à poeira e ao cheiro da tinta; a montagem dos móveis atrasou e só deve terminar na próxima semana, passamos alguns dias desalojados,  Pedro ficou em recuperação e está de namorada nova, o querido vovô Severino, de Crispim, morreu, enfim, aconteceu muita coisa neste tempo em que estive ausente, mas nada que me motivasse a escrever. Normal, perfeitamente normal. Espero que esse meu jejum tecnológico em breve chegue ao fim e que vocês todos continuem escrevendo, pois estou sempre de olho no blog (e nos e-mails também, apesar de não responder!!).

Cultura às quartas

Adoração - Guerra Junqueiro



Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.
Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,
E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa
Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça
do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante
Eu sinto? virgem linda, inefável, radiante,
Envolta num clarão balsâmico da lua,
A minh'alma ajoelha, trémula, aos pés da tua!
Adoro-te!... Não és só graciosa, és bondosa:
Além de bela és santa; além de estrela és rosa.
Bendito seja o deus, bendita a Providência
Que deu o lírio ao monte e à tua alma a inocência,
O deus que te criou, anjo, para eu te amar,
E fez do mesmo azul o céu e o teu olhar!...




Abílio Manuel de Guerra Junqueiro (Freixo de Espada à Cinta, Portugal 15 de setembro de 1850 - Lisboa, 7 de julho de 1923) - Considerado um dos poetas mais importantes do século XIX, foi bastante popular em Portugal em sua época, sendo, um representante da chamada 'Escola Nova'. Era um poeta panfletário, sendo inclusive, um dos responsáveis a criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República. Também se dedicou à prosa, jornalismo e política.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Intragável Pabulagem

Eu ainda estou estressado e com ódio da mulher que estragou meu shake, minha caminhada e minha noite, por isso estou escrevendo, pra ver se, batendo forte nas teclas do notebook, eu dou uma desestressada...ARGHT!!

Estava eu caminhando com meu amigo Manel, na calçadinha, quando nos veio a brilhante idéia de inovar. Inovar...taí uma coisinha que eu pondero muito antes de fazer, porque muitas vezes dá em merda, em decepção e em arrependimento, além disso eu sou um tantinho conservador nos meus atos. Mas eis que nos degringola na cabeça a idéia de experimentar um shake novo, num outro espaço Herbalife. PRA QUÊ?!

Pois que inovamos e, já no fim da caminhada, paramos num shake que tem lá por perto da orla, no Cabo Branco. Confesso que no começo foi agradável, ambientezinho bacana, pessoas bacanas e o shake delicioso, à altura do que tomo usualmente. Eu até me reencontrei com uma pessoa querida que há muito eu não via, aí dei aquele abraço apertado, meio que nostálgico, mas sincero e acolhedor como outrora. Conversa vai, conversa vem, a pessoa querida vai embora, a gente acaba de tomar o shake, paga, mas, txam-txam, havia entrado no espaço uma mulher magra, alta, de cabelo desgrenhado e de aparelho branco nos dentes e que estava ouvindo as conversas todas: a Sra. CC.

Eu e Manel nos levantamos, abrimos a porta e, por infelicidade tremenda, a Sra. C.C., que até então eu desconhecia completamente, nos aborda e se põe a falar e a conversar. Primeiro eu achei que ela queria ajuda, já que estava perguntando sobre onde nós havíamos estudado, se o colégio era bom, se premiavam os alunos, se tinha simulado, se eu tinha feito o curso de Z. ou de C.V., e o que eu achava disso e daquilo outro. E eu, coitado e ingênuo, achando que ela queria ajuda, então respondi aos questionamentos solicitamente, dando dicas e tudo o mais sobre colégios e cursos. Sim, eu sou uma pessoa prestativa e bondosa...

RAN! Tá bom! A mulher não queria dica porcaria nenhuma! Minha gente, minha gente! Sabe aquelas pessoas que começam uma conversa bem inocentemente, de maneira despretensiosa, mas que, na verdade, elas querem é conduzir a conversa a um ponto específico e, quando chegam àquele ponto específico, elas se desatinam contando toda sorte de pabulagem e vantagem sobre você e sobre o mundo? Pronto, foi o caso dessa criatura! A conversa começou assim: “Vocês estudam onde?”, ela achando que éramos alunos de ensino médio. Aí nós respondemos: “U.F.”, aí ela começou a conduzir a conversa para onde queria: “Sim...mas vocês estudAVAM onde?”...E assim começou a conversa sobre colégios. Daí a um pedaço, entre as dicas sobre colégios e tal, ela começa: “Não, porque meu filho era o melhor aluno do J., aí eu mudei ele pro G. pra ver se ele tinha concorrência, mas ele ainda é o melhor aluno do G., aí eu estou pensando em colocar ele no M.”, “Não, porque meu filho acha que o curso de Z. é sem futuro, afinal ele já lê compulsivamente, acorda pra estudar e dorme estudando, ganhou um prêmio não sei das quantas, acha que o curso de Z. é perda de tempo pra ele, porque ele já sabe tudo”, “Não, porque ele ganha todos os prêmios do G. e tirou em primeiro nos simulados”, “Porque ele fez todas as provas na C.I., o CAE, o CEA, o EAC, o AEC, o c-não-sei-o-quê e passou em todas”, “Não, porque ele faz A.F. e passou do Delf, no Dalf, no Dilf, no Dolf e no Dulf”... Valeu, Playboy! Valeu, fodão! PQP! Intragável Pabulagem!

Sim...Aí depois teve também “Porque meu marido é professor não sei de onde, juiz não sei de quê e ocupa o cargo não sei das quantas”, “e meu outro filho é isso, e o outro é aquilo, e o outro aquilo outro...” PQP DE NOVO! Intragáááável Pabulagem!

Vá lá! É certo que, quando um adolescente anda por vias tortas, todo mundo fala mal e esculhamba, então quando um filho é certinho, é normal e aceitável que a mãe se orgulhe e fique toda pomposa falando do filho, mas havemos que ser razoáveis! Meu povo, vocês não têm noção dessa mulher! Ela não parava de se gabar, tagarelando de maneira infrene...Aquela maga conversadeira! E eu parado, em pé, doido pra ir-me embora, uma mão da cintura e o outro braço esticado, me encostando na porta, respirando fundo e rezando mentalmente “Ave-Marias”, para não esfolar a criatura naquele lugar e hora. Puxa vida! De onde eu tirei o autocontrole eu não sei, mas minha língua coçou pra perguntar: “Mas ele é humilde, minha senhora?”, “Ele vive?”,, “É feliz?”, “Ahhh...E a senhora, hum????????? Faz o quê, em meio a esse povo tão talentoso? PARA DE ATIRAR COM A PÓLVORA ALHEIA, MULHER! VAI ARRUMAR UMA LAVAGEM DE ROUPA, ORA CEBOLA!”

Sinceramente, creio que essa mulher não deve ser convidada pra canto nenhum...ninguém deve agüentar conversar com ela por uma dúzia de minutos que seja! As amigas devem pensar: “Eita...C.C. vai vir?”, “Chamaram C.C., foi? Tsc!”, “Hum...lá vem C.C. com aquelas conversas dela!”. Digam lá: Quem não conhece esse tipinho? Que só faz se gabar e conversar pabulagem? A pessoa assim é lacônica, patética e insuportável: não sabe conversar sobre outra coisa, é risível, porque visível a intenção de aparecer, e insuportável, porque ninguém merece uma pentelha dessas no pé do ouvido!

Acabou minha noite, e o restante da minha caminhada foi moendo, moendo, moendo a chatice, a pentelhice e a patetice do ser! Detesto gente assim! Me irritou profundamente!

Fui paciente e não disse nada, apenas que, se o filho era tão inteligente, que ela não o pusesse em curso de português nenhum, pois não havia necessidade... A braquicéfala obviamente não entendeu a ironia e o ardil e ficou lá, toda serelepe, achando o máximo eu ter dito aquilo, o que aumentou minha raiva, é claro.

Desfecho: acabou que o filhinho caçula dela olhou pra mim e disse, com autoridade real: “Feche a porta, que o ar-condiocionado está saindo!”, no que eu disse: “Eu já ia fechar, pois tenho que voltar à minha caminhada! Prazer em conhecê-la, Carlos Eduardo Gadelha!” Na verdade, eu queria ter fechado a porta na cabeça do pirralho e ter esfolado a tagarela, mas sou um rapaz controlado. E não venham me dizer que nunca tiveram vontade de fazer isso com alguém, ou lhes chamarei hipócritas! AHHHH! Tô p. aqui!

Intragável Pabulagem!

PS: Ela ainda falou, com 5 min que nos conheceu, da fatura do cartão de crédito dela, que veio com não sei quantos livros que ele comprou!

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Minha homenagem derradeira

Eu transcrevo, literalmente, sem ajustes - porque foi um texto discursado -, a homenagem última que prestei ao meu bisavô em sua Missa de Sétimo Dia.

"Boa noite a todos!

É com muita honra e com muito saudosismo que venho prestar esta derradeira homenagem ao meu querido bisavô Severino Xavier Pimentel. Tenho a felicidade de ter-lhe feito uma homenagem em vida, com palavras semelhantes às que vou proferir, olhando nos olhos serenos do meu bivô e lhe dando um abraço apertado de um bisneto admirador, logo esta homenagem póstuma é mais como um registro do meu amor, carinho e respeito à memória deste Severino.

Vovô “Sivirino”, como eu o chamava, assim mesmo, trocando os "Es" pelos "Is", “SI”-“VI”-rino, era, como todo bom sertanejo que se preze, e agora eu furto as palavras de Euclides da Cunha, antes de tudo, um forte. Meu bisavô era aquele a quem se podia chamar de HOMEM DE BEM, uma espécie bem rara nos dias de hoje, um exemplo de integridade, carinho, temência e luta que deve, em que pese a morte do homem, viver eternamente nos corações das gerações vindouras!

Eu estufo o peito, bato com o punho fechado numa mesa como ele fazia, e proclamo, com um bom orgulho, que sou bisneto de Severino Xavier Pimentel, um cristão perseverante, batalhador, trabalhador, que galgou os degraus da vida e, labutando junto à minha amada bisavó Lizete, formou uma família bela, ao mesmo tempo em que construiu uma das maiores indústrias têxteis do país, que foi a MOAR, grande orgulho da vida dele.

Vovô Sivirino era um visionário que não só vislumbrava maravilhas, mas as punha todas em prática...Eu me lembro como se fosse ontem: eu tinha perdido uma aula de Zarinha e fui esperar meu pai lá na lavanderia junto com vovô, aí foi conversa que não se acabava...Ele, sempre com ar entusiasmado, me contava como foi a construção da casa na Av. Amazonas, desenhando, com um lápis que ele gostava muito, parecido com este, como ele queria as famosas portas elétricas que subiam para o teto, dizendo como ele era teimoso com os engenheiros e insistente no que ele queria...E assim ele era em tudo quanto fazia: obstinado, cheio de fé. E é esse exemplo que fica: o da perseverança na construção de nossa vida e de nossos sonhos, o exemplo da determinação e da certeza de que nada é impossível quando há vontade, trabalho árduo e fé em Deus.

Se me pedissem para definir vovô Sivirino em uma só palavra, se me pedissem para dizer aquela única palavra que me remonta ao meu estimado bivô, esta palavra seria LUTA, e só ela bastaria para representar a grandiosidade e a nobreza do caráter do meu bisavô. Vovô, e agora eu me recordo do poema do pernambucano João Cabral de Melo Neto, teve o que se pode chamar de “Morte e Vida Severina”, título da obra deste grande autor: vovô nasceu num contexto difícil, de luta, cresceu lutando, lutou para crescer e morreu lutando. Poucos, minha gente, são os homens como o meu bisavô! É uma honra e uma felicidade sem igual para cada um de nós poder dizer: “Eu sou filho de Severino Pimentel”, “Eu sou neto de Severino Pimentel”, “Eu sou bisneto de Severino Pimentel”, “Eu sou sobrinho, primo, irmão, ESPOSA de Severino Xavier Pimentel”! Mas que não fiquemos no dizer! Tentemos sempre nos assemelhar a ele em tudo quanto ele era!

Para finalizar esta pequena homenagem ao meu GRANDE bisavô, eu vou fazer uso das palavras de um personagem de desenho animado chamado Zé Colméia, num filme a que eu assisti com meu irmãozinho João Vítor e que me chamou muito a atenção, porque eu me lembrei muito de vovô Sivirino. Ela diz mais ou menos assim: “Catatau, a gente só fracassa quando a gente para de tentar!” E meu bisavô é um homem que nunca parou de tentar e que por isso, é um vitorioso. E eu uso o verbo no presente, “É”, porque eu tenho em meu coração a certeza indubitável de que ele deixou a vida, mas venceu a morte e tem morada hoje na casa do Pai, ao lado de sua amada Virgem Maria, olhando e intercedendo por todos nós!

'...E não há melhor resposta

que o espetáculo da vida:

vê-la desfiar seu fio,

que também se chama vida,

ver a fábrica que ela mesma,

teimosamente, se fabrica,

vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida;

mesmo quando é assim pequena

a explosão, como a ocorrida;

mesmo quando é uma explosão

como a de há pouco, franzina;

mesmo quando é a explosão

de uma vida severina.' (Morte e Vida Severina)



Obrigado!"

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Recesso Junino

UM ÓTIMO SÃO JOÃO PARA TODOS !!
Muita animação, canjica, pamonha e fogos.
Muita cor nas bandeiras e balões.
O calor da fogueira e o calor humano dos abraços.

Até a volta !!!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cultura às quartas

Fundo do mar - Sophia de Mello Breyner Andresen




No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.





Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, Portugal, 6 de novembro de 1919 - Lisboa, Portugal, 2 de julho de 2004) - Poeta portuguesa de grande importância, foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões de Literatura. Também traduziu algumas grandes obras para o português como "Purgatório" de Dante, Hamlet e Muito Barulho por Nada, de Shakespeare e Medéia de Eurípedes. Publicou poemas, ensaios, peças de teatro, contos infantis e prosa ao longo de sua carreira literária.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Um dia bom!

Dia feliz, apesar da tensão de véspera da prova de Civil...Estudei, revisei um pouco, caminhei na praia, tomei meu shake, emagreci 0,5kg; quando cheguei em casa, tive a ótima notícia de que meu padim e minha vice-dinda (Jr e Guets) vão dormir aqui em casa, aí "Adeus, Estudos!", e, entre conversas, risadas, aconchego de família,tempo frio, sofá macio, risadas, família, união, amizade, cumplicidade, carinho e mais risadas, eu redescubro como tenho uma família abençoada, como eu sou abençoado e amado, como eu sou feliz! E esse post é assim: simples, como a felicidade!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Brigadeiroo

Gente vai ser aberta ainda este ano, em manaíra, uma loja só de brigadeiros!! Delícia hein!! tem diversos sabores. Por enquanto eles estão fazendo só entregas!! vale a pena conferir..e que abra logo essa loja! rsrsrs
Não sei proque não estou conseguindo pulicar o site deles aqui, mas é só procurar no google, SEU BRIGADEIRO.
beijosss
www.seubrigadeiro.com

sábado, 18 de junho de 2011

Nature and the Human Soul

Este é o nome de um dos livros que estou lendo agora. O mais engraçado é que estou lendo 3 livros que falam sobre o assunto "alma". O que, por sinal, é um conceito da psicologia /espiritualidade super envolvente e interessante.
Os livros são: " Soulcraft" - Bill Plotkin; " The Earth Has a Soul" - Carl Jung; e, "Nature and the Human Soul" - Bill Plotkin.

Tem muitos aspectos os quais gostaria de conversar aqui, mas, como estou com pouco tempo agora, vou focar em um aspecto especifico. Lendo o "Nature and the Human Soul" não tem como não lembrar de meus sobrinhos (as) e do crescimento deles enquanto individuos maduros.

Bem, Bill Plokin, é um depth psychologist, PhD, ecopsicologo, guia em areas selvagens, e agente de transformacão cultural. Este livro especificamente trata da relação do desenvolvimento humano individual a partir de uma perspectiva dos ciclos da natureza, seus ritmos e seus padroes. Ela coloca que: não somente o ambiente natural nos fornece alimento, nos veste e nos abriga, mas, sobretudo, nos oferece a comunhao com os misterios sagrados. A natureza nao somente traz inspiracao para nossa musica e arte, mas nos informa e guia cada passo de nossa maturidade, se nos deixarmos que isto aconteca.

" Given that the human soul is the very core of our human nature, we might note that, when we are guided by soul, we are guided by nature. Both soul and greater nature do guide us in our individual development, whether or not we ask for this guidance. But if we know how to listen, we can benefit much more".

Esta é uma perspectiva da psicologia nao somente inovadora e revolucionaria, é sobretudo uma visao atual, focada na potencialidade humana, na criatividade e na nossa co-interdependencia.
Bill Plotkin traz a reflexao de que nos vivemos em um mundo adolescente, e em grande medida, uma adolescencia patologica. Ele fala que nao ha problemas nenhum com a fase da adolescencia (na verdade, a adolescencia é a chave para nos tornarmos humanos na totalidade), o problema é o fato de que nossos recursos culturais terem sido tao degradados atraves de seculos, que a maioria dos humanos - em sociedades "desenvolvidas" - nunca atingiram a fase adulta (adulthood).

" An adolescent world, being unnatural and unbalanced, inevitably spawns a variety of cultural pathologies, resulting in contemporary societies that are materialistic, greed-based (gananciosos), hostilely competitive, violent, racist, sexist, ageist and ultimately self-destructive. People in aduld age are suffering from adolescent pathologies such as: incapacitating social insecurity, identity confusion, extremely low self-esteem, narcissism, materialistic obsession, substance addictions and emotional numbness".

Estes sintomas de uma sociedade pato-adolescente, a qual vemos em todo lugar neste mundo industrializado de hoje, nao estao na raiz de nossa natureza humana, mas, ao inves disso, sao efeito do egocentrismo de nossa humanidade. Os seres humanos se apresentam alienados de sua propria individualidade vital, de suas almas; e a humanidade como um todo, esta amplamente alienada do mundo natural que nos envolve e nos sustem.
A idade adulta nao é atingida quando se completa uma certa idade ou atraves do nascimento e educacao de filhos ou aceitando certas responsabilidades. O adolescente deve se submeter a um processo de iniciacao quer requer a libertacao do que lhe é familiar e confortavel. Atraves desta "aventura" psico-espiritual (que nao vou explicar em detalhes agora, senao nao paro de escrever!), o adolescente rconhece para que ele nasceu, quais "gifts" ele possui para trazer a este mundo, quais as qualidades sagradas que habitam em seu coracao, e como ele deve chegar na sua forma unica de amar e pertencer.
Esta passagem, é uma forma psicologica de morte. Ou seja, algo nao aceitavel e com dificilima tarefa: desapego.

Enfim, para encurtar a descricao deste tema. O autor encontrou em suas pesquisas a interrelacao entre estas tres coisas: uma infancia imersa na natureza; maturidade pessoal; e experiencias psico-espirituais profundas.

Tem muita coisa para falar, mas acho que vou dividindo este tema em capitulos.
A mensagem que quero passar é mesmo o da importancia do contato e relacao que as criancas devem ter com a natureza, com os animais, com as plantas, com o mar, com a floresta. Muito importante para o desenvolvimento da criatividade, espontaneidade e genuinidade. Muito mais importante ainda para, parafraseando Jung, o nao atrofiamento dos nossos instintos.

Bom, estou indo trabalhar por umas 2 semanas e no meu retorno tento falar mais sobre estes assuntos. Aqui vai um video do lugar para onde estou indo, aqui em Wyoming, chama-se Vedauwoo (Clique na palavra!)

E aqui tambem fica uma frase do Jung, que desde o inicio do seculo XX ja sabia de todo esta "nova" teoria do desenvolvimento do Bill Plotkin:

" Natural life is the nourishing soil of the soul" - Carl G. Jung.



beijos,
Nana


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cultura às quartas

Cartas de Buenos Aires
Para perder-se e viajar com Borges



Descubrir lo desconocido no es una especialidad de Simbad, de Erico el Rojo o de Copérnico. No hay un solo hombre que no sea un descubridor. Empieza descubriendo lo amargo, lo salado, lo cóncavo, lo liso, lo áspero, los siete colores del arco y los veintitantas letras del alfabeto; pasa por los rostros, los mapas, los animales y los astros; concluye por la duda o por la fe y por la certidumbre casi total de su propia ignorancia.”

Jorge Luis Borges



Há 25 anos morria Jorge Luis Borges. Na Argentina e em diferentes partes do mundo se recordará o autor em rodas de leitura e celebrações.

A mais importante delas talvez seja em Veneza, que inaugura um labirinto com o nome do escritor, formado por três quilômetros de pequenas árvores, de 75 centímetros de altura, sobre uma superfície de 2,3 mil metros quadrados.

A obra fica na Fundação Cini e foi desenhada pelo britânico Randoll Coate, considerado o maior especialista em labirintos do mundo.

O recorrido receberá placas onde será transcrito, em braile, o conto O Jardim dos caminhos que se bifurcam, uma obra que subverte a noção de texto tradicional, apontando para a possibilidade de o leitor seguir caminhos variados, em histórias multiformes.

Borges tem seu labirinto na Argentina desde 2003, na Finca Los Alamos, em San Rafael, Mendoza. Também desenhado por Coate, é feito de 7 mil arbustos (ainda em fase de crescimento) que cobrem dois hectares de terra.

O labirinto é, na visão “borgiana”, uma representação da natureza humana, uma projeção do medo do homem de perder-se, mas, ao ‘mesmo tempo, uma imagem de esperança, porque cada labirinto tem um plano e uma lógica: perder-se para encontrar finalmente uma saída.

Quem quiser perder-se (ou encontrar-se) pelos caminhos de Borges por Buenos Aires pode seguir o roteiro literário que passa pelos lugares onde o escritor viveu ou citou em suas obras.

Ou então sentar-se em um dos Bares Notables que fazem parte do projeto “Yo leo en el bar”, como Tortoni ou El Federal, e que possuem a coleção completa do escritor argentino, para ser lida entre um café e outro.

Sempre levo para a mesa o Atlas de Borges, que reúne fotos do escritor e de sua compaheira Maria Kodama por cerca de 20 cidades do mundo. Borges no labirinto de Creta, nas areias do Saara, nas pirâmides do Egito, num festival de jazz em New Orleans.

As fotos são acompanhadas por pequenos textos do escritor que, já cego, decidiu recorrer o mundo para vê-lo com seus quatro sentidos restantes.

Quem quiser viajar como ele, agora, pode fechar os olhos e escutar uma música de “délibáb”, disco de Vitor Ramil elaborado a partir do livro de poemas Para las seis cuerdas, do mesmo autor de O Aleph.



Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha

sábado, 11 de junho de 2011

Do Dia dos Namorados e seus demônios

Amanhã é o triste e fatídico Dia dos Namorados! Ah como eu odeio, odeio, odeio. Estou hoje à la Smurf Ranzinza e odeio, odeio e odeio o Dia dos Namorados, especialmente aqui no Brasil! O Brasil, este país que copia tantas e tantas coisas da Europa e dos Estados Unidos, justamente no Dia dos Namorados é original e o comemora, sabe-se lá por que cargas d’água, em 12 de junho, em vez de 14 de fevereiro, como os gringos do Norte, que celebram o Valentine’s Day, ou Dia de São Valentim. Se aqui fosse assim, eu nem me incomodaria tanto: usaria do meu catolicismo e faria uma procissão pra São Valentim...mas não...aqui comemoram num dia em que não se comemora mais nada, é um dia só pra os namoradinhos! Puta sacanagem com os solteiros! E neste ano ainda é pior: o dia 12 de junho caiu num domingo, dia naturalmente morgado! Mas a vida tem dessas coisas, e a gente tem de superar.
Estou estressado e enraivecido com a iminência da data. Não bastasse uma semana com todo mundo, todos os amigos e amigas, planejando, comprando presentinhos, pensando em idéias para surpreender o namorado ou a namorada, contando histórias dos outros anos, ME pedindo dicas sobre o que colocar em cartõezinhos, que flor comprar...Não bastasse isso, minha mãe, pra piorar meu humor, pegou uma encomenda gigante para uma celebração conjunta do Dia dos Namorados hoje à noite, e EU, solteiro, fiquei responsável por fazer uma TUIA de canapés! Ah! E ela, minha genitora que tanto amo, ainda por cima, queria que eu cortasse os pães dos canapés em forma de coração! Aqui que eu ia cortar pão em forma de coração! Em forma de tudo eu cortaria, mas de coraçãozinho? Neca de pitibiriba: uma afronta à minha solteiridade! Cortei em rodinhas mesmo. E ACHE BOM QUE EU NÃO CORTEI EM FORMA DE OUTRA COISA!
Além do trabalho todo de hoje, todas as comidas estavam com um cafona ar romântico: trufinhas coroadas com coraçõezinhos vermelhos, pirulitos de chocolate em forma de coração, bem-casados embrulhados em papel crepom cheio de coraçõezinhos vermelhos, tudo com lacinhos meiguinhos e idiotinhas! Morangos, tomates, cerejas e maçãs, pétalas vermelhas, toalhas vermelhas, bolas vermelhas...TUDO vermelho por aqui, simbolizando o amor e a paixão. Hunf! Olhe, se vermelho, durante os outros 364 dias do ano, é minha cor favorita, no Dia dos Namorados deixa de ser e dá lugar ao preto e ao roxo, ao cinza e a todas as cores que me remetam ao luto, à quaresma ou ao advento.
Até Janjão, Senhor, meu irmãozinho de 9 anos, estava todo romântico, escutando “Pra você”, da vaqueira Paula Fernandes, no sofá perto de onde eu estava, com o fone de ouvido, com os olhinhos fechados, balançando pra esquerda e pra direita, no ritmo da música, decerto pensando em Laurinha, a menina de quem ele gosta e com quem vai dançar quadrilha hoje...Até Janjão! E eu olhando pra ele com os mesmos olhos semi-cerrados com que fitei o prato que puseram no elevador outro dia, na esperança de que deles saísse um potente raio laser.
É como minha estimada amiga Gianne disse: ou eu sou uma frigideira sem tampa, ou nasci uma obra surrealista de Salvador Dalí! Bom, pelo menos o título de “baleia encalhada” não vai mais caber em mim, já que estou emagrecendo...Mas que ser uma piaba encalhada não seja o meu destino, por Deus! Eu sou um menino bom, estudioso, educado, bem criado, estou emagrecendo, sou de uma família boa, sou de Deus, acho que sou gente boa, as pessoas riem comigo...E, ainda por cima, qual uma amiga minha, estou me alugando gratuitamente para o Dia de amanhã!
Ah amanhã! Devo passar o dia de cama, devo sair do meu regime ( e não me digam pra não sair!) e comer tudo o que eu vir pela frente, não devo entrar no facebook para não ver mensagenzinhas bregas de amor ou atualizações e também não devo ir a restaurantes ou calçadinhas, para não ver os casaizinhos bobinhos e apaixonados. E devo passar o dia só, mas, como li algures, acaso passamos o dia da árvore abraçados com uma árvore? O dia de finados abraçados com um morto? Ou o dia do índio abraçados com um índio? Então pronto! Adeus!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cultura às quartas

Murilograma a Graciliano Ramos - Murilo Mendes



1

Brabo. Olhofaca. Difícil.
Cacto já se humanizando,

Deriva de um solo sáfaro
Que não junta, antes retira,

Desacontece, desquer.

2

Funda o estilo à sua imagem:
Na tábua seca do livro

Nenhuma voluta inútil.
Rejeita qualquer lirismo.

Tachando a flor de feroz.

3

Tem desejos amarelos.
uer amar, o sol ulula,

Leva o homem do deserto
(Graciliano-Fabiano)

Ao limite irrespirável.

4

Em dimensão de grandeza
Onde o conforto é vacante,

Seu passo trágico escreve
A épica real do BR

Que desintegrado explode.



Murilo Monteiro Mendes (Juiz de Fora, 13 de maio de 1901 - Lisboa, Portugal, 13 de agosto de 1975) - Poeta da chamada 'segunda geração modernista', passou várias mudanças na linguagem aos longo de sua obra, do poema-piada, religioso ao surrealismo. É considerado um dos mais importantes poetas brasileiros. Publicou livros de poemas, de prosa e de frases. Viveu os últimos quinze anos de sua vida em Roma, onde deu aula de Literatura Brasileira.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eu e o prato...Vida de Gordo

Passei hoje por uma situação delicada, tensa, mas sobrevivi. O fato é que, apesar de eu estar emagrecendo, ainda existem dois gordos loucos em mim, um dentro do meu cérebro e outro no meu estômago. Aconteceu lá por volta do meio-dia, na horinha em que minha barriga começa a fazer rói-rói, a ponto de dialogar com qualquer pessoa que esteja ao lado (barulhos constrangedores e bem sonoros ela emite). Estava eu tranquilo, esperando o elevador para ir pegar meus irmãos no colégio. Eu moro do 10º andar, o elevador é velho e lento e, frise-se, era hora do almoço. Chega o elevador, e eu ainda calmo, relax. Mas advinhem quem está no elevador?? Um baixinho, redondinho e cheirando a comida: o prato do porteiro do prédio que o pessoal do 12º sempre manda! AH...mas me deu taquicardia imediatamente, e a fera que habita na minha barriga inquietou-se como nunca: eu e o prato de comida, “face to face”, “tetê-à-tête”, aquele morrendo de fome, e este gritando: "Olhe como estou cheiroso, é purê, carne moída, arroz e feijão...me come, me come”. Desespero total, tensão, nervosismo. Não bastasse o elevador ser lento, ainda parou num andar, e ninguém entrou, delongando aquela tensão por mais alguns segundos. E a boca salivando, o suor resvalando na testa, o coração acelerado e a barriga já não fazia mais rói-róis, mas estrondosos “RONCS!”. Fiquei encarando o prato de cima, com olhos semi-cerrados, com ódio de quem o colocou ali! Então, eu não me aguentei: me baixei, levantei o papel alumínio que o envolvia, para ver bem o que era, e era de fato o arroz, feijão, purê e carne moída, meu prato preferido! Fechei os olhos e senti o aroma do prato. Suspirei profundamente, a cabeça até pendeu pra trás de desejo, pensando em furtar aquele prato do pobre porteiro, então tomei o prato pelas mãos! Foi o tempo de o elevador chegar no “P” e abrirem a porta avidamente. Era o porteiro (a propósito, um mago-de-ruim, que come feito um boi e não engorda – detesto esse tipo). Minha cara deve ter sido de enterro, de bunda, de uma tristeza sem igual. Suspirei mais uma vez e pronta, mas letargicamente, entreguei o prato nas mãos do futuro comensal: “Tirei do chão, pra não sujar o prato e ninguém pisar!”. Fui pegar meus irmãos e me contentei com o meu shake. Oh! Cruel vida de gordo! Amanhã eu deixo o prato no chão e piso!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Só pra variar... A Fazendinha de Davi !

Foi no sábado a festa de 1 aninho do fofíssimo Davi, filho de Saulinho e Natashe. Estava tudo lindo, e o tema mais uma vez foi fazendinha, mas desta vez com a Galinha Pintadinha. Como sempre, eu e Pri tivemos o maior prazer em idealizar a decoração, ainda mais agora que contamos com a ajuda especial e imprescindível de tia Nené, que é mais criativa e disposta do que eu e Pri juntas rsrsrs!! João foi um dos que mais aproveitaram o aniversário, grudou na galinha e no pintinho (personagens da Imaginarte) até eles irem embora, até na hora dos parabéns ficou ao lado deles e de Davi com os pais, muito pentelho rsrsrs!!! Ficamos devendo as fotos do aniversariante e dos convidados!

Os móveis rústicos da casa de Saulo decoram qualquer festa, né?! O cone de tela de
arame com colheres de pau foi criação da tia e fez o maior sucesso!


O bolo feito por Mireille ficou simplesmente perfeito! Os bonecos
 (ovelhas, espantalho, galinha...) usados na decoração são da autoria
de Pri logicamente!



Muitas bolas verdes e bastante feno para dar o clima de fazenda; os galhos secos que já
viraram nossa marca registrada; a velha carroça emprestada tantas vezes pela Maga e
banquinhos de madeira como lembrancinhas.


A mesa principal bem clean e colorida, e o bolo visto de frente.


A caixa com a galinha colocando os ovos no ninho enfeitava as mesas
dos convidados.

A riqueza da festa estava nos pequenos detalhes, a Canelle mais uma vez nos
surpreendeu pela qualidade dos doces, tão bonitos quanto gostosos, e pelas
forminhas tão caprichadas, feitas artesanalmente. As caixinhas de mdf forradas em tecido
com os ninhos; os tubetes enfeitados com coelhinhos; o varal de saquinhos de
papel com pregadores decorados.



 São tantos detalhes... vidrinhos com pintinhos, latinhas com sapinhos, doces de
pintinhos em mini-chapéus, doces em forma de cesta de flores, lindos!!





sexta-feira, 3 de junho de 2011

De Pernas Pro Ar - UMA MERDA

Não aguentei assistir a mais que 45min do filme brasileiro "De Pernas Pro Ar", protagonizado por Ingrid Guimarães. Esperava dar boas gargalhadas, chorar de rir e ir dormir bem tranquilo, mas me decepcionei, e o filme não provocou em meu rosto qualquer rictus. Numa tentativa apelativa e exagerada de ser engraçada, a diretora falhou e não conseguiu fazer comédia. Ingrid Guimarães atuou mal, Flávia Alessandra atuou mal, Maria Paula atuou mal, Bruno Garcia atuou mal, e os textos, os diálogos não colaboraram nem um pouquinho: artificiais, irreais, falsos, forçados. Além disso, a gente vê bem as cópias que são feitas de filmes americanos como “A Verdade Nua e Crua”, que tratam de mulheres trabalhólatras e sexo... Aliás, as cópias até que são bem vindas, afinal, e devo usar de novo uma frase que reiteradamente tenho usado nesses dias, “na história há poucos originais e muitas réplicas” (Tocqueville), porém cópias mal feitas ou inspirações mal aproveitadas ficam iguais àquelas falsiês de Louis Vuitton e Lacoste: péssimas, horríveis, descartáveis. É o que aconteceu com “De Pernas Pro Ar”: ficou ruim, ruim mesmo, ao ponto de eu, que sempre prezo por assistir aos filmes até passarem todos os créditos, não ter aguentado mais que 45 min. Não recomendo, não assistam ao filme!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Passou em branco...

Gente, esquecemos totalmente de comemorar uma data muito importante: o aniversário de dois anos de existência do nosso blog!!! Não acredito que passou despercebido!!

 
Mais uma vez ratifico aqui a minha imensa alegria em poder dividir com todos vocês, colaboradores e leitores, este projeto tão singelo quanto especial!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Como nasce um torcedor

Meninas, meus irmãos criaram um blog chamado "Sem Cláusulas" já faz um tempo, onde escrevem textos superbonitos. O meu preferido se chama "Seus óculos", foi publicado em março deste ano.

Confesso que nunca pensei em divulgá-lo, porque são textos muito intimistas, sabe? Mas, hoje, minha irmã me avisou que uma jornalista da Band telefonou querendo fazer uma entrevista sobre um dos textos, onde revela por que virou a casaca e deixou de ser corintiana para ser palmeirense (Biba, Tiago vai gostar!) Achei bacana e resolvi dividir com vocês.

Beijos e boa leitura (preparem os lenços...)

Endereço: http://semclausulas.blogspot.com/

Beijos!

No frigir dos Ovos

fried_eggs.jpg

Alguem ja viu este texto?
eh divertido. Beijos!!!

"Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem ideias, e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa.

E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.
Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.
Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal ninguém faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.
Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote.
Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.
Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.
O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.
Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal, pimenta nos olhos dos outros é refresco...
A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.
Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda."
- Guaraci Neves -