quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vinicius de Moraes - Do amor à pátria

São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual - uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperança canções, amores e filhos ao sabor das estações.

Sim, são doces as rotas que reconduzem o homem à sua pátria, e tão mais doces quanto mais ele teve, viu e conheceu outras pátrias de outros homens. Assim eu, ausente pela segunda vez de uma ausência de muitos anos quando, dentro da noite a bordo, os dedos a revirar o dial do ondas-curtas, aguardava o primeiro balbucio de minha pátria como um pai à espera da primeira palavra do seu filho. O coração batia-me como batera um dia, à poesia sonhada, ou como uma outra vez, diante de uns olhos de mulher.

- O sr. tem certeza de que isso é mesmo um ondas-curtas?

O camareiro norueguês, grande e tranqüilo, limitou-se a sorrir misteriosamente. Depois, humano, inclinou-se sobre o aparelho, o ouvido atento, e pôs-se a tentar por sua vez. As ondas sonoras iam e vinham verrumando a minha angústia.

Onde estava ela, a minha pátria que não vinha falar comigo ali dentro do mar escuro?

E de repente foi uma voz que mal se distinguia, balbuciando bolhas de éter, mas pensei no meio delas distinguir um nome: o nome de Iracema. Não tinha certeza, mas pareceu-me ouvir o nome de Iracema entre os estertores espásmicos do aparelho receptor.

Deus do Céu! Seria mesmo o nome de Iracema?

Era sim, porque logo depois chegou a afirmar-se, mas quase imperceptível, como se pronunciado por um gnomo montado em minha orelha. Era o nome de Iracema, da Rádio Iracema, de Fortaleza, a emissora dos lábios de mel, que sai mar afora, enfrentando os espaços oceânicos varridos de vento para trazer a um homem saudoso o primeiro gosto de sua pátria.

Adorável prefixo noturno, nunca te esquecerei! Foste mais uma vez essa coisa primeira tão única como o primeiro amigo, a primeira namorada, o primeiro poema. E a ti eu direi: é possível que o padre Vieira esteja certo ao dizer que a ausência é, depois da morte, a maior causa da morte do amor. Mas não do amor à terra onde se cresceu e se plantou raízes, à terra a cuja imagem e semelhança se foi feito e onde um dia, num pequeno lote, se espera poder nunca mais esperar.



* * *



Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 - Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) foi diplomata, dramaturgo, jornalista, cronista, crítico de cinema - mas principalmente poeta e compositor.

Levava a sério seu verso mais famoso sobre o amor - "que seja infinito enquanto dure": casou-se nove vezes ao longo de sua vida, sempre muito apaixonado.

Sua obra literária é extraordinariamente rica, vasta, passa pelo teatro, cinema e música. Sempre um grande poeta. Como compositor Vinícius, com Tom Jobim e na voz de João Gilberto, é um dos responsáveis pelo surgimento do ritmo popular brasileiro que ficou conhecido como bossa nova. Além de Tom, ele teve como principais parceiros Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Poeta essencialmente lírico, também conhecido como "poetinha", apelido que consta lhe foi atribuído por Tom Jobim, notabilizou-se por seus sonetos. Foi um apaixonado pela vida, pelo amor, pela amizade, pelo Brasil - era todo coração...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Circuito do Sol em João Pessoa

No link a seguir pode ser encontrada a programação do Projeto Circuito do Sol, Da Prefeitura de João Pessoa :

http://www.joaopessoa.pb.gov.br/‘circuito-do-sol’-esquenta-verao-em-jp-com-projetos-culturais-esporte-e-lazer/

Tem atracões para todos os gostos, sempre gratuitas. Vale a pena dar uma olhada na programação e, quem sabe, prestigiar o evento ! Fica a dica !!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Machado de Assis - Um apólogo

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa.

— Decerto que sou.

— Mas por quê?

— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador.

— Você é imperador?

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!



* * *



Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908).

Romancista, cronista, dramaturgo, contista, poeta, folhetinista, jornalista e crítico literário, é considerado o maior nome da literatura brasileira. Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade.

Sua superioridade intelectual não se discute, mas é de se louvar o esforço que fez para ascender socialmente. Autodidata, impressionam seus conhecimentos literários e a densidade de sua extensa obra: 9 romances e peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas.

É considerado o introdutor do Realismo no Brasil, com a trilogia "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881); "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899). Pessimista, irônico, nunca largou de todo um vezo romântico. Sua obra é monumental e, para o Brasil, uma glória: Machado de Assis, nome que ficou conhecido em vida nos meios acadêmicos de língua portuguesa, hoje é figura de proa entre os grandes nomes da Literatura Universal.

Ele é o fundador e primeiro ocupante da Cadeira n.º 23 da Academia Brasileira de Letras, também conhecida como Casa Machado de Assis.

Texto extraido do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Amigos,
Feliz Natal !!!
Que esse sentimento bom e esse sabor gostoso do Natal prolonguem-se por todos os dias do ano vindouro. Amor no coração, paz de espirito e fé em Deus para todos nos !!
Forte abraço,
Renata

domingo, 18 de dezembro de 2011

Festa de João - 3 anos !!

Ontem comemoramos o aniversário de 3 anos de João, uma festinha feita em casa, totalmente artesanal, pensada com todo carinho e preparada aos poucos por mim. (Mas vale aqui abrir o parênteses para falar da preciosa e indispensável ajuda de Pri na hora de montar tudo!) O tema deste ano foi construção, e a inspiração veio por tantos motivos - a paixão dele por caminhões e tratores, a nossa cerâmica, as obras vizinhas à nossa casa que nos acompanharam durante todo este ano ( e que inclusive nos emprestaram vários "artigos de decoração") ! Além de tudo, é um tema fácil e muito legal para se explorar!

A mesa, o bolo e as lembrancinhas.

A caixa de areia, o ilustre aniversariante e a casinha de restos de tijolos feita pelo
funcionário da cerâmica.
João, sem sombra de dúvida, foi quem mais aproveitou a festa, brincou demais e estava radiante! As coisas mais simples é que fizeram sucesso entre as crianças: a caixa de areia e brita para eles brincarem com os caminhõezinhos e as caixas de papelão forradas de papel madeira que serviram como blocos de construção. Mais uma vez, vem a certeza de que a gente precisa de tão pouco pra viver e proporcionar felicidade. Foi uma festa muito legal com a cara do aniversariante!

As brincadeiras de empilhar os blocos e com o animador; a hora dos parabéns !!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tecido tecnológico




Não sei se vocês já ouviram falar do novo tecido lançado no mercado, o Emana, desenvolvido pelo grupo Rhodia, com tecnologia BIOFIR (infra red), ele contém cristais bio-ativos, "capazes de usar o calor do próprio corpo para promover a microcirculação, a oxigenação e drenagem das células. Estes cristais refletem o calor que o corpo emite na forma de infravermelho longo que promove uma ativação constante das células da região".

 O tecido é certificado pela Anvisa e promete aumentar o metabolismo celular (favorecendo a redução de medidas) ,aumentar a elasticidade da pele, estimular a circulação (reduzindo sinais de celulite), promover equilíbrio térmico e reduzir a fadiga muscular !! Tá bom ou quer mais rsrsrs?!!! Como os cristais ficam dentro do fio, não precisa se preocupar que as suas propriedades não se perdem nas lavagens. Já estão sendo vendidos uma enorme gama de produtos que podem ser confeccionados com o fio Emana, principalmente lingerie ( underwear ), shapewear e roupas esportivas. Por isso, a partir de agora, é bom procurar sempre nas embalagens pelo selo Emana.

Um dos produtos que mais tem feito sucesso (e eu já estou fazendo uso) são as bermudas anticelulite, já vi por aí de várias marcas - TriFil, Scala, Un.I, entre outras. Todas prometem, em suma, a mesma coisa: controlar o inchaço e reduzir a celulite. Recomenda-se usá-las por pelo menos oito horas por dia e, segundo os fabricantes, de 30 a 60 dias, você já observa os resultados positivos. Eu estou usando a minha há umas três semanas, coloco quando vou dormir, e posso dizer que realmente faz efeito; logicamente que, como um milagre, minha pele não está lisinha, sem sinal de celulite, mas posso garantir que já está diferente. Como não é um grande investimento ( a que eu comprei da Trifil custou apenas 35 reais), acho que vale muito a pena experimentar!!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Paz de presente


Não tem como ser diferente, quando vai chegando o fim do ano, sem querer somos todos levados a uma certa reflexão. Sobre o ano que está acabando, as escolhas que fizemos, o que foi feito do nosso tempo, em que resultaram nossos esforços; sobre o ano que está por vir, quais serão as surpresas e desafios que ele nos reserva, quais são os planos, sonhos e projetos para este novo ano...

Eu, particularmente, faço sempre essa reflexão interior, tento sempre recordar as metas que propus a mim mesma no ano passado e vejo se consegui alcançá-las, penso em tudo que tentei melhorar e ainda não consegui e também me parabenizo por todas as pequenas conquistas. Gosto do modo como a vida sempre surpreende, e cada ano nunca é como eu pensei que seria.

Adoro o clima de final de ano, dá pra ver que o tal “espírito de Natal” existe mesmo, até para as pessoas que dizem ou acham que não acreditam em Deus. Pelo menos durante esse período, até elas se mostram mais solidárias, mais fraternas. Para mim é um tempo muito feliz, tempo de esperança e de amor. Muitas pessoas me falam que isso vai mudar, que quando eu perder alguém realmente próximo e amado, os finais de ano sempre evocarão uma certa tristeza. Eu não tenho como saber como me sentirei quando isso acontecer, mas penso que Deus sempre nos dá tantos outros motivos para continuarmos a sentir felicidade.

Se eu pudesse definir com uma palavra somente meu ano de 2011, seria paz. Foi um ano em que realmente cresci na minha fé, aprofundei minha espiritualidade  e cheguei ainda mais perto de Deus. A religião é definitivamente algo demasiado importante na minha vida, que me completa, é parte de mim. Não espero que todos que leiam o blog compartilhem do catolicismo, mas queria mesmo dar como presente a todos esta paz, essa imensa paz que só vem Dele.
Deixemos passar as coisas mesquinhas que nos indispõe uns com os outros, agora, mais do que nunca, precisamos buscar a paz com todos.  Deixemos os outros em paz, ajudemos alguém a fazer as pazes com outro alguém, busquemos a paz em nosso coração, vivamos em paz uns com os outros!!

Ontem mesmo escutava uma pregação na Canção Nova que falava isto: para muitos, a paz não virá tão fácil, terão que tomar algumas sérias decisões, rever certas escolhas, retirar um monte de entulho guardado no coração, perdoar alguém... Se pararmos pra pensar direitinho, todos nós temos alguém pra perdoar ou para pedir perdão; olhando atentamente para nós mesmos, encontramos muito do que condenamos nos outros. Temos que nos colocar sempre no lugar do outro e pensar que quem fere está ferido, quem vive causando danos aos outros é porque está danificado.
A vida é preciosa demais, para perder com intrigas. Tiremos a qualquer custo o sentimento de ódio do nosso coração, não guardemos rancor e não levemos em conta as faltas alheias. Usemos as medidas do amor e da misericórdia para medir os outros e assim, depois também sermos medidos. Não há orgulho nenhum em dizer que não consegue perdoar, que você não esquece o mal que lhe fizeram. Falta de perdão demonstra fraqueza, só quem é forte pode perdoar. Muitas vezes temos atitude para telefonar ou escrever um e-mail para confrontar, ferir alguém, mas como nos falta  coragem para percorrer o caminho inverso e pedir desculpas, pedir perdão.
Para que haja paz, é preciso perdoar. Ao perdoarmos, libertamos o outro e nos libertamos também, pois quem prende alguém, sempre encontra-se amarrado a ele. Temos que viver a mudança que queremos ver nos outros. Fiquemos em paz!!
" O amor verdadeiro não é destinado a uma pessoa, é a presença de Deus em nosso coração, que nos leva a amar a todos."




domingo, 4 de dezembro de 2011

Você já disse "eu te amo" hoje?


Eu amo dizer "eu te amo" para quem amo verdadeiramente! E digo sempre e tanto, de manhã, de tarde e de noite, porque não dói, não é vergonhoso, não é feio: é lindo, é bom, é amoroso! Pratico o amor e o declaro para quem eu amo. Faço isso, porque o próximo minuto não me é conhecido: o minuto seguido a este a Deus pertence! E me faz bem e faz bem a quem escuta. Então, ame e diga que ama também, eu os exorto! Diga ao seu pai, à sua mãe,ao seu filho, à sua filha, à sua irmã, ao seu irmão, à sua namorada, ao seu namorado, aos seus tios e tias, aos seus avós, aos seus amigos, às suas pessoas amadas!

sábado, 3 de dezembro de 2011

PENSANDO...


Algo assim: "as pessoas mais bonitas que conhecemos são aqueles que têm conhecido a derrota, conhecido o sofrimento, conhecido a lutaconhecido a perda, e encontraram seu caminho para fora das profundezas. Essas pessoas têm uma contemplação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche com compaixão, delicadeza e uma profunda preocupação amorosa. Pessoas bonitas não acontecem por acaso."