segunda-feira, 25 de junho de 2012

Compartilhando a (Im)Perfeição Nossa

Perambulando pelo Instagram hoje de manhã, veio a inspiração para esse post. O modo como as redes sociais fazem com que todos nós pareçamos artificiais, não o tempo todo, mas muitas vezes. Artificiais no sentido de que queremos compartilhar sempre algo incomum, interessante, como se todos os nossos dias fossem fantásticos e inesquecíveis. Não há registro algum daqueles dias em que ficamos doentes, em que não fizemos absolutamente nada. Nem vestígios dos dias em que tivemos que limpar o chão, fazer o almoço, varrer a casa, tivemos preguiça em ir trabalhar, estamos com o cabelo terrível ou desarrumados, nada que remeta à nossa rotina entediante, à nossa vida comum e sem graça. Postamos fotos andando em transporte público no exterior, mas temos vergonha de usá- los aqui no Brasil. Ser dona-de-casa, mãe ou pai em tempo integral ou ter um emprego desvalorizado em outro país chega a ser cool, um estilo de vida legal, aqui somos desocupados ou estamos em dificuldade. Somos sempre cultos, bem-humorados, felizes, inteligentes, bem-vestidos, politicamente corretos e criativos. Freqüentamos lugares maravilhosos, viajamos para lugares exóticos, somos "amigos" de tanta gente bacana, antenada e importante.

 Precisamos amar a nossa vida do jeitinho que ela é, com dias bons e dias ruins; admitir nossos defeitos, nossos equívocos, nossas falhas. Podemos nos dar direito a ter acessos de raiva, a sermos injustos, a sermos cruéis e intolerantes em alguns momentos de nossas vidas. Nem de longe somos perfeitos, enganamos e somos enganados, levamos rasteiras nesta vida - somos traídos, perdemos o emprego, não temos dinheiro, não temos tempo de fazer o que gostaríamos. O compartilhar só tem sentido se for amplo, se contiver a nossa essência, o que realmente pensamos e somos, se for feito entre pessoas que realmente se conhecem e tem afeição recíproca.

 E agora só me vem à cabeça o "Poema em Linha Reta", de Fernando Pessoa: 

 "Arre! Estou fato de semideuses!
 Onde é que há gente neste mundo?"

 Vale a pena ler na íntegra aqui:
  www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/538.php




3 comentários:

  1. Guga, muito bom o texto!
    Penso nisso sempre! E o poema do FP é demias, né? Ele sempre fala tudo de um jeito muito melhor do que nós falaríamos.
    Às vezes eu estou em casa, numa baita preguiça de sair, parecendo um eterno zumbi e sinto vergonha de mim mesmo quando entro no instragram e vejo tantas pessoas ativas e alegres, frequentando parques e teatros, comendo a famosa coxinha daqui e tomando o exclusivo suco sem frutas acolá...
    Se você lançar um movimento "A vida como ela é" no instagram, eu prometo lhe auxiliar a carregar esse estandarte!
    Beijos e parabéns pelo blog!
    Muito legal, já li uma porção de posts. É ótimo saber das novidades de vocês! (por ex.: o Pedro tá um homem! Quando eu for aí, vou querer sair com ele, não com vocês! rsrsrs)
    PS.: e a desentoxicação? Está seguindo? ;)

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  2. Oi, Gui, este blog fez 3 anos agora em maio, e eu o adoro, porque tenho paixão em escrever. Como vc deve ter notado, tem vários colaboradores, mas muitos deles são fantasmas e nunca escrevem rsrs , então, pro blog não ficar abandonado, acabo escrevendo muito. Por falar nisso, vou te enviar o convite para ser tb um colaborador, já viu que o cargo é sem pressão, né rsrsrs?! Quanto ao meu detox (pareço uma viciada!), acho que está funcionando sim, estou me sentindo menos inchada e, apesar do meu enorme apetite nos últimos tempos, tenho mantido o peso, então, sei lá, acho que está cumprindo seu papel.Pedro está mesmo enorme, e eu tenho quase certeza de que a turma dele parecerá bem mais interessante pra vc do que a minha rsrs! Quanto à campanha no Instagram, vamos em frente, de vez em quando é bom (e necessário) abrirmos os olhos!! Beijos, Guga

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  3. Guga estou adorando seu blog! Na internet todo mundo é "feliz"! Kkkk

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