quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O tempo pode parar

Adoro as horas mortas, o tempo que se leva para ir de um lugar a outro, o tempo de espera no consultório, para ser atendida; o tempo até acabar o treino de futebol, até tocar para a saída da escola, até a missa começar; o tempo perdido no aeroporto enquanto aguardamos o vôo, ou seja, todo tipo de tempo parado, onde a vida fica por minutos ou horas em stand-by. Adoro esses momentos, porque neles encontro paz e oportunidade para pensar, para observar sem pressa, para também eu parar junto com o tempo. E poucos lugares são tão propícios à reflexão ( e à oração) como viagens de avião.

Alguns dirão que o inconsciente medo da morte favorece por si só a oração, mas eu não tenho medo de voar, é mais um pensamento infantil e simplório de que estou no céu , portanto, mais perto de Deus e que, talvez assim, meus pensamentos cheguem mais rápido até Ele. Nessas horas me vem tantas coisas estranhas à cabeça, penso em muitos momentos e pessoas que há muito não lembrava, é como se abrisse uma caixa de Pandora às avessas, cheia de coisas boas. E eu penso em tantas coisas lindas que me alegram o coração, que acabo chorando. Aliás estou com mania de chorar sempre, um choro diferente que não é de tristeza. Gosto de pensar que toda a beleza e amor que não cabem em mim (porque de repente o tempo pára, e eu me torno tão pequena) extravasam em forma de lágrimas.

3 comentários:

  1. Que lindo texto, querida; você vive dizendo que eu tenho um olhar sempre tão bondoso e poético pra tudo e eu sempre vejo isso em você. Em suma, acho que a gente realmente se enxerga.

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  2. Isso sim é encontrar a plenitude da vida: ter a si mesma (pensamentos, emoções, ideias) como melhor companhia, extraindo a beleza de simplesmente estar viva a cada instante. Que todos nós encontremos um dia essa percepção de prazer tão acessível e tão pouco exercitada ou valorizada em nossos dias!!!!

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  3. TÔ me sentido o óooo. Ao contrário de Guga, odeio essas horas mortas, acho que é estou com a síndrome da pressa !

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