sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Três pesos, três medidas.


Poucas vezes a diferença de idade dos meninos me pesou tanto como nesta semana que passou. Às vezes me sinto como se tivesse transtorno dissociativo de identidade, tantas são as personalidades que tenho que apresentar ao longo do dia  para cada um deles, com necessidades e vontades completamente diferentes.

Para João, basta que eu passe o dia sentada no chão brincando, que o pegue no colo e cante todas as músicas que puder, que o deixe ficar no volante do meu carro o tempo todo. Para Clara, basta que eu não esqueça de nenhum compromisso ou horário dela, que esteja por perto para tirar suas dúvidas e responder suas perguntas ( que ela faz a todo instante, em relação a tudo na vida!). Para Pedro, basta que eu libere o computador por tempo indefinido, que eu não cobre suas tarefas nem seus estudos e que eu me convença que na prova de Biologia sobre sistema nervoso não cai neurônios.

 Tenho em mente que preciso fazer uso de suas características específicas de personalidade pra extrair o melhor, estimulá-los, desenvolvê-los, porque de uma coisa tenho certeza: eles nem de longe são iguais. Não reagem da mesma forma às situações, não estão todos no mesmo ritmo. Também sei que eles sempre vão precisar de mim, mas de maneiras distintas à medida que o tempo passa. 

Então, tenho que ser três mães em uma só, não a que eles querem que eu seja, mas a que cada um deles precisa no momento. Uma mãe cheia de imaginação e criatividade para satisfazer toda a curiosidade de um bebê de quase dois anos, uma mãe que adora Justin Bieber e acompanha os episódios de ICarly, Hannah Montana, etc. e outra mãe que não pode mais tratar o filho como criança, que tem que lhe dar espaço e saber lidar com sua TPA - tensão própria da adolescência! Acho que isso é o mais custoso em ter vários filhos, com certeza não é o aspecto financeiro, mas sim esse comprometimento, essa dedicação que tem que haver para cada um deles e para todos igualmente.

Tenho uma grande preocupação nesse sentido, em ser sempre essa tal mãe côncava, munida de recursos que eu li em um livro-cabeça há algum tempo.(Abrindo um parênteses para explicar a linguagem psicológica: mãe côncava - que consegue acalmar a inquietude do filho e lhe devolve um estado diferente, melhorado, daquele que a criança havia lhe proposto. Enquanto a mãe convexa funciona como um paredão,onde a ansiedade é rechaçada e voltará ao filho com maior intensidade. Recursos são habilidades de que dispomos para resolver os conflitos infantis da melhor maneira possível, evitando os sermões e a imposição por meio da violência, seja psicológica ou física).

Não esquecendo depois de toda essa explanação científica que os únicos recursos realmente indispensáveis são o amor e a paciência! E as minhas orações são pra que todo meu esforço resulte, no futuro, em três adultos felizes, que sejam capazes de trabalhar no que quiserem, que sejam capazes de tomar decisões e lidar com as consequências, de respeitar os outros, de amar a Deus, de terem um espírito de generosidade e simplicidade, de fazerem boas amizades e de valorizarem suas famílias.

Finalmente, depois de uma semana puxada, em que as horas foram curtas para tantos afazeres, e as noites foram insuficientes para aplacar o cansaço, vem Clara dizer que seria bom eu não deixar de ir ao pilates e ao ballet, porque senão poderia ficar gordinha!! Percebo, então, que preciso desenvolver uma estratégia urgente de captação e renovação de recursos, porque os meus estão acabando muito depressa rsrsrsrs!!!

5 comentários:

  1. Guga,
    você deveria seriamente pensar em escrever um livro.
    Tenho uma admiração incrível por você. Sempre quando falo com minhas amigas sobre minhas irmãs, falo que todas elas tem filhos e tal, e daí falo de você que teve Pedro super nova e hoje tem 3!!!
    EU acho que ser mãe é uma coisa muito louca! rsrsrs :) muito mais corajoso que passar 3 meses com ursos no Alaska, do que escalar 1000 metros de parede na Patagonia... :)
    Mas é extremamente lindo!
    Tenho a maior admiração por Mainha e por vocês, minhas irmãs.
    beijo enorme!! muitas saudades!
    Nana

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  2. AH! Guga!
    Ri muito com o texto...
    Tenho certeza que o caminho por onde vc educa seus filhos é o que os encaminha à maturidade, à felicidade e à gratidão pela mãe maravilhosa que vc é!
    Beijão e sinta-se tocada no seu pneu lateral(é...faça Pilates)
    hehehehe
    Te amo, tia torta...aliás, tia côncava

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  3. Guga querida, que relato mais intenso e lindo. Quando receber a graça de ter um filho, peço a Deus para eu ter um terço da maturidade, paciência e discernimento que você tem com os seus.Você realmente é um ser iluminado amiga.
    Bjs...

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  4. Querida, pode apostar que seu cansaço vale a pena, os meninos são incrivelmente amorosos, reflexo seu e de Crispa!

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  5. Demais seu post, Guga. Continue compartilhando suas reflexões sempre porque são inspiradoras. Um beijo, Nath

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