sexta-feira, 4 de junho de 2010

ice land


Oi todos!
saudades

estou aqui no Alaska desde dia 14 de maio. Foram no total 36 horas entre aviões e aeroportos. RJ-SP- Atlanta- Minessota - Anchorage. Cheguei bem cansada. Outros instrutores foram me pegar no aeroporto de Anchorage e viemos para Palmer (onde fica a base da NOLS no Alaska). Aqui é como uma grande "fazenda". Temos a área dos escritórios, a casa comum (onde ficam os instrutores), refeitório, área de lavar roupas, banheiros, cabanas (onde dormimos), uma grande horta, a parte onde os alunos podem ficar, a sala de equipamentos, sala de reuniões, de comidas. É tudo muito organizado.

O clima está bom. Ontem choveu um tanto, assim que chegamos do Matanuska Glacier. Vim trabalhar dois cursos de hiking aqui no Alaska, começo dia 10 e será mais de 66 dias (contando os dois cursos) em contato direto com esta exuberante natureza selvagem do Alaska.

Antes disso, fiz um treinamento onde me capacitei em Mountaneeiring. Isto significa que agora poderei trabalhar cursos de caminhada, escalada e cursos em glaciares. Foi menos complicado do que imaginava, Minha experiência na Patagônia, com certeza ajudou muito. O Alaska é muito lindo. As montanhas são enormes, e uma expedição por um glaciar é algo realmente apaixonante.
Há muito gerenciamento de risco, o tempo inteiro. Andamos encordados (em um sistema de 4 ou 3 pessoas em uma mesma corda), aprendemos como frear em caso de deslizar no gelo ou neve, aprendemos como resgatar alguém que cai em uma crevasse - fendas que existem no glaciar, devida a própria movimentação do gelo) e como sair sozinho de lá também.
Construimos cozinhas, banheiros, muros contra vento, tudo com neve e usando muita força braçal, com pás.

É muito interessante quando você começa a entender aquela gigantesca massa branca e visualizar a gravidade exercendo sua força, abrindo crateras no gelo, provocando avalanches, e nos mostrando os terrenos seguros por onde caminhar. Muito envolvente. Existe diferentes zonas em um glaciar e elas podem mudar muito de glaciar para glaciar.

Fomos até uma estação de aviação de van. O plano era começar o curso já numa área mais segura, então para isto voamos em um avião que só cabia o piloto e o passageiro atrás. Uma experiência maravilhosa!. Uma pessoa por vez. Durante o meu vôo, o piloto, super simpático viu um urso na crista de uma montanha, ele comentou comigo e falei que nunca tinha visto um urso antes na minha vida, ele nem hesitou, deu meia-volta e ficamos olhando os contornos da montanha para encontrar oo urso. Finalmente eu achei, a mamãe ursa com um filhotinho caminhando pela crista na montanha branca.. muito lindo!

Antes de acampar em qualquer lugar a gente examina (encordados)cada 30 cm do local na intenção de encontrar uma fenda escondida ou coberta por neve. depois começamos a construir o acampamento.

Aqui no Alaska se pode jogar as fezes nas crevasses. Então, para matar a curiosidade sobre como se faz cocô neste ambiente, vou descrever. Contruimos um banheiro: uma parede (na direção do vento), lá no banheiro é feito uma área para colocarmos uma grande sacola plástico biodegradável- que vai se desintegrar no meio ambiente em 6 meses- , de outro lado é feito uma área para xixi; e uma outra área (um buraco) onde serão depositados as bolas de neve (as quais você usa para se limpar, ou seja seu papel higiênico gelado!.

Cada pessoa leva quantas sacolas biodegradáveis (em tamanho menor) acha que vai usar durante toda a viagem e na hora de ir no banheiro, pega a sua sacolinha, vai lá, faz o cocô na sacolinha, amarra com um nó, coloca dentro da sacola grande. Se limpa com bolas de neve e lava as mãos com alcool gel. Quando deixamos aquele acampamento amarramos a grande sacola de cocô na corda e levamos para uma crevasse onde jogamos tudo lá dentro. É bem estranho no inicio, mas depois vc acostuma. Para quem prefere usar o papel higiênico mesmo, não tem problemas, é só colocar na sacolinha também.

Bom.. aqui vão algumas fotos de momentos no curso. Eu me diverti muito, fiz muita palhaçada, pensei muito na minha família e , primcipalmente nos meus sobrinhos. Quero muito que eles tenham vivências tão diferentes das quais estamos habituados.

Beijos com saudades
Nana


bebendo um chazinho à noite ( detalhe da luz. Não escurece hora alguma, fica um pouquinho penumbra a partir da 01 da manhã. E o sol não faz uma linha de leste para oeste, faz um caminho crcular no céu.)
Liz (instrutora canadense), tocando a sua violinha na cozinha. Muito bom!
Em um dos acampamentos
Avião que nos trouxe para o Glaciar

testando a área para acampar


preparando para aterrisar

7 comentários:

  1. Nana, vc não imagina a minha felicidade ao abrir o blog hoje e ver o seu post!!Ontem mesmo tava pensando em vc, querendo saber como vc estava por aí...E quando comecei a ler seu texto, fiquei em dúvida se tinha colocado no canal da Discovery Channel ou aberto um livro de Ciências rsrsrsrs!! Que mágico, tudo isso, Nana!Realmente é uma experiência que não tem preço, mas definitivamente eu não consigo me imaginar aí, com minhas unhas roxas de tanto frio, de óculos escuros até pra dormir por causa da claridade.E esse lance do cocô, muito sinistro, acho que ficava com prisão de ventre crônica!Mas isso tudo hoje tem a sua cara e pode ter certeza que se vc está bem e feliz, nós aqui estamos ainda mais por vc!!Beijos, com muitas saudades!!!

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  2. Também adorei o post, com essas fotos lindas, e narrando uma experiência tão distante de nossa realidade. Fiquei pensando no frio intenso, paralisante, mas na beleza da natureza que lhe rodeia. Aproveite bem, querida, e sempre volte por aqui para nos contar de seu dia a dia, de suas "aventuras" profissionais.
    Ah, fiquei curiosa para saber a respeito dos meios de comunicação. Vocês tem acesso a telefone ? Como funciona a Internet aí ?
    Beijos grandes

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  3. Nana....
    Podes crer....Tirar o bumbum de fora nesse frio.....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Gosto até do frio....Mas te digo...Vc é corajosa demais....N aguentava nada disso...sou mole pra essas coisas....
    Agora que deve ser uma experiencia incrivel, n tenho dúvidas!!!
    Espero ve-la na próxima vez que vier pra JP...e quem sabe acamparmos novamente....(no quentinho,srsrsrsrs)
    bjs
    Pri

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  4. Mary Stuart querida, muitas saudades de você. Realmente suas aventuras são dignas da discovery chanel. Eu e Nel estamos embasbacados com tanta aventura. E esse aviãozinho na meio da neve? Que medo!!! Quanto as necessidades fisiológicas eu ia me dar super mal, já que estou em Pipa desde quinta e não consigo ir ao banheiro(rsrsrs!!!).
    Um beijo bem grande, sempre nos dê notícias(amamos recebê-las) e fique com Deus,Deda.

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  5. Deda... tenho que te falar, sabe aquele creme super cheiroso que você me deu quando estive aí? faz muito sucesso! (aliás ele já está acabando :( enfim.. a pele sofre aqui! então mesmo com protetor solar 45, hypoglós no rosto até para dormir, voltei com uma marca super forte do óculos do sol. Queima muito e o frio resseca.. mas, quando colocava aquele creminho no meu rosto ou nas mãos, todo mundo queria ficar perto de mim, e os meus colegas de barraca adorava porque disfarçava todos os odores! rsrsrrs :)

    Renata, a gente só tem contato com o mundo via telefone satelital. Mas ele só é acionado quando realmente necessitamos (em uma emergência). No caso do glaciares também levamos um rádio que encontra a frequencia dos rádios dos aviões (isto se o avião estiver sobrevoando no momento).. Ano passado, uma grande amiga minha, instrutora, estava trabalhando e, infelizmente, o pai dela morreu. A NOLS enviou um avião para sobrevoar o glaciar, o avião ficou dando voltas e voltas e então eles ligaram o rádio, e depois via telefone satelital ligaram para NOLS. O avião pousou e ela foi no mesmo dia para o Colorado. Em 2006 houve um acidente com um aluno que caiu numa crevasse, os instrutores fizeram um trabalho incrível (resgate e primeiros socorros), 3 horas depois de ele ter caído na crevasse, ele estava no hospital fazendo uma cirurgia. A gente tem muitos protocolos e medidas de segurança, e quando alguma coisa acontece, temos que agir para que as consequencias sejam as menores possíveis.
    beijos

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  6. Querida..., estou doida para te ver e te dar outro creme. Venha para Jampa nos visitar quando puder.
    Bjs,
    Deda

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  7. Nana, estava pensando com os meus botões, quando você se empenha em ser boa em alguma coisa, você é insuperável, vai até o fundo de cada experiência. Foi assim quando atendia seus pacientinhos pequerruchos, no consultório que pintei os quadrinhos e tapete, quando descobriu a escalada, quando colocou na cabeça de que queria ser fluente no inglês, que seria boa nos glaciares... parabéns por ter tido a coragem de ir em frente, de buscar, de procurar seu caminho e de ir tão longe, literal e alaskamente falando! rs Beijos. Saudades dos nossos encontros na casa de Nenko.

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