terça-feira, 22 de março de 2011

De mocinho a vilão...

Na segunda semana de aula, aconteceu o primeiro incidente: João levou uma mordida de um colega da sala. Lá estava a marca roxa no pescoço, e a professora foi logo dizendo que deve ter acontecido porque João estava se debruçando sobre o tal menino-vampirinho. Tudo bem, nada demais... Depois de mais uma semana, mais duas mordidas em dois dias consecutivos, mais uma vez plenamente justificados pela professora: João é muito carinhoso, fica abraçando os colegas e demora a soltá-los. Pediu, inclusive, para que eu conversasse com ele a respeito, para diminuir suas demonstrações de carinho. A resposta que demos a ela é que dificilmente poderíamos mudá-lo, porque ele realmente é assim com toda criança que encontra, mas que ela não se preocupasse com as mordidas, pois entendíamos que fazia perte do convívio e, no final, elas é que o ensinariam o quanto e a quem caberia seus efusivos carinhos.

Ontem fui buscá-lo na escola, e a professora veio logo conversar comigo: João tinha mordido duas crianças. Exatamente os dois colegas que haviam lhe mordido antes. E ela apressou-se em dizer que  não houve motivo algum, que as vítimas nada lhe fizeram; de uma maneira muito leve e quase gentil, insinuou que ele deve ter sido orientado em casa para executar essa vingança. Eu lhe disse apenas que, na escola, foi a primeira vez que João mordeu alguém e que também foi mordido; e que, se ele mordeu, é porque deve ter se lembrado das mordidas que levou, dado o seu temperamento extremamente carinhoso que ela já conhecia, mas que iria, de toda forma, conversar com ele em casa e reforçar as orientações positivas. Joãozinho, ouvindo a conversa, só fazia repetir como um réu confesso: "Eu mordi, mamãe, mordi o colega!"

Na hora do jantar, comentei com todos daqui de casa o que tinha acontecido, meio transtornada pela acusação da professora e eis que Pedro, Nevinha e Maria se revelam os mentores do crime: tinham instruído João para que toda vez que ele fosse mordido, mordesse também; toda vez que apanhasse, batesse também. Eu logicamente briguei com os três e comecei a debulhar todo o meu discurso psicopedagógico sobre educação e ética, falei, falei até que Clarinha disse: "Tá bom, mãe, o jogo tá 3 a 2, mas João tá quase empatando!"

7 comentários:

  1. Muito bem, Bolotinha!!! A Dinda tá orgulhosa e saudosa...
    Bjs.

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  2. O Dindo delirou de rir...Vez ou outra, soltava uma risada gostosa repetindo as palavras de Bolota: "Eu mordi, mamãe, mordi o colega..."

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  3. Esse (ex)Bolota é muito esperto mesmo: quis fazer o dever direitinho, cumprindo as ordens dadas. O negócio agora é dar as contra-ordens, amiga !
    E você já soube, né? Isabela entrou para o time - por enquanto apenas das vítimas, mas sei lá se ela conversar muito com João !! rsrsrs

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  4. Eu tava lendo e odiando o comportamento dessa professora...como assim?
    Tadinho de João só fez o que mandaram...rsrsrrsrs

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  5. Está aí uma prova de que uma atitude negativa, de violência p.ex., nunca deve ser estimulada, nem demorou e ele voltou a atacar... A professora me falou que ontem ele mordeu duas vezes a filhinha de Ana, acredita,Rê?! Fiquei passada, ela estava lá quando fui buscá-lo, e nós conversamos um pouco a respeito.Mas felizmente acho que ela compartilha da mesma opinião que eu, ele só está repetindo o que sofreu, repassando essa péssima e nova forma de expressão que aprendeu.Hoje à noite terá reunião de pais, e este assunto certamente estará na pauta!!

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  6. Ai, Guga, que situação !
    Mas há de ser só uma fase e, daqui a pouco, a sala de aula vai voltar a ser um ambiente de paz para João !!

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  7. Gente, eu concordo com Candice. Que professora é essa? Ensinar a conter carinho??? Nunca ouvi falar nisso.

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