quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cultura às quartas

Murilograma a Graciliano Ramos - Murilo Mendes



1

Brabo. Olhofaca. Difícil.
Cacto já se humanizando,

Deriva de um solo sáfaro
Que não junta, antes retira,

Desacontece, desquer.

2

Funda o estilo à sua imagem:
Na tábua seca do livro

Nenhuma voluta inútil.
Rejeita qualquer lirismo.

Tachando a flor de feroz.

3

Tem desejos amarelos.
uer amar, o sol ulula,

Leva o homem do deserto
(Graciliano-Fabiano)

Ao limite irrespirável.

4

Em dimensão de grandeza
Onde o conforto é vacante,

Seu passo trágico escreve
A épica real do BR

Que desintegrado explode.



Murilo Monteiro Mendes (Juiz de Fora, 13 de maio de 1901 - Lisboa, Portugal, 13 de agosto de 1975) - Poeta da chamada 'segunda geração modernista', passou várias mudanças na linguagem aos longo de sua obra, do poema-piada, religioso ao surrealismo. É considerado um dos mais importantes poetas brasileiros. Publicou livros de poemas, de prosa e de frases. Viveu os últimos quinze anos de sua vida em Roma, onde deu aula de Literatura Brasileira.

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