quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cultura às quartas

Adoração - Guerra Junqueiro



Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.
Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,
E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa
Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça
do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante
Eu sinto? virgem linda, inefável, radiante,
Envolta num clarão balsâmico da lua,
A minh'alma ajoelha, trémula, aos pés da tua!
Adoro-te!... Não és só graciosa, és bondosa:
Além de bela és santa; além de estrela és rosa.
Bendito seja o deus, bendita a Providência
Que deu o lírio ao monte e à tua alma a inocência,
O deus que te criou, anjo, para eu te amar,
E fez do mesmo azul o céu e o teu olhar!...




Abílio Manuel de Guerra Junqueiro (Freixo de Espada à Cinta, Portugal 15 de setembro de 1850 - Lisboa, 7 de julho de 1923) - Considerado um dos poetas mais importantes do século XIX, foi bastante popular em Portugal em sua época, sendo, um representante da chamada 'Escola Nova'. Era um poeta panfletário, sendo inclusive, um dos responsáveis a criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República. Também se dedicou à prosa, jornalismo e política.

Um comentário:

  1. Dr. Candeia, continue com o "cultura às quartas": o poema de hoje é uma declaração de amor à maneira da Segunda Geração Romântica, cheio de emoção e da cegueira típica de um coração apaixonado. Quisera eu ser esse eu-lírico enfeitiçado com uma musa tão bela, tão cândida e tão perfeita...
    Abraços

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