quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CLARA , CLARA , CLARA , MARIA CLARA

Homenagem ao Poeta

Não sabes, Clara, que pena eu teria se — morena tu fosses em vez de clara! Talvez... quem sabe... não digo... mas refletindo comigo talvez nem tanto te amara! A tua cor é mimosa, brilha mais da face a rosa tem mais graça a boca breve. O teu sorriso é delírio... És alva da cor do lírio, és clara da cor da neve! A morena é predileta, mas a clara é do poeta: assim se pintam arcanjos. Qualquer, encantos encerra, mas a morena é da terra enquanto a clara é dos anjos! Mulher morena é ardente: prende o amante demente nos fios do seu cabelo; — A clara é sempre mais fria, mas dá-me licença um dia que eu vou arder no teu gelo! A cor morena é bonita, mas nada, nada te imita nem mesmo sequer de leve. — O teu sorriso é delírio... És alva da cor do lírio, és clara da cor da neve!

**************Casimiro José Marques de Abreu, nasceu em 1839. Fluminense, era conhecido como "o cantor da saudade". Seu pai, homem de posses, tanto se esforçou para que o filho se dedicasse ao comércio que acabou fazendo-o adoecer. De nada adiantaram os tratamentos de saúde em Portugal e em Friburgo (RJ): o poeta faleceu em 16/10/1860. Publicou um único livro, "Primaveras", em 1859. O texto acima foi extraído da antologia "Humor e Humorismo — Poesias e Versos e Paródias de Poemas Famosos", Editora Brasiliense - 1961, pág. 101, organização de Idel Becker.

Um comentário:

  1. A nossa Maria Clara morena foge mesmo a todas as descrições dos poemas, músicas e textos.Mas aí é que está sua personalidade expressada pelo seu nome:controversa,ímpar e especial; uma Maria Clara que não é clara na pele, mas na alma!

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