sábado, 10 de outubro de 2009

Armazenar ou não as células do cordão?

Com a proximidade do parto de Marina, minha filhota, iniciei uma pesquisa sobre o armazenamento das células do cordão umbilical, tão em moda nos últimos anos.Tudo começou com uma ida rotineira ao consultório da obstetra, onde encontrei um folheto, na sala de espera, com propaganda do Cord Cell, um banco de armazenamento de São Paulo, que agora tem representação aqui em Recife. A obstetra não demonstrou muita certeza sobre a importância desse armazenamento, deixando muito claro o fato de não saber até onde poderei utilizar.

Em seguida, passei a conversar com todas as pessoas que tiveram filhos nos últimos tempos. Todos os pais, mas todos mesmo, que procuraram orientação adequada optaram por não fazer o armazenamento.

Por último e mais importante, conversei com oncologistas e hematologistas sobre o assunto. A resposta foi única: não fazer nos bancos privados. Se quiser realmente ajudar a ciência, procure um banco público.

Explicando: quando uma mãe resolve congelar as células do cordão umbilical do seu filho, o banco privado faz a coleta e cobra pelo armazenamento. Este valor varia, mas pode chegar a uma bolada de 8000 reais, parcelados em 10 vezes, claro! Tem que ter algum poder de sedução no pagamento, obviamente. Alguns cobram anualmente pelo armazenamento, bem, não quero falar inverdades aqui, não sei os preços exatamente, mas sei que é uma “brincadeirinha” cara. Já o banco público não cobra para armazenar. Por exemplo, o Hospital Albert Einstein tem um banco público bem conceituado que não cobra pra armazenar. Se você precisar, vai pagar para usar as células, já que é um hospital privado. Não sei se eles têm algum convênio com o SUS, para fazer o uso pelo sistema público. Qualquer pessoa pode usar as células de um banco público, não precisa ter sido doador.

Outra questão importante: se o seu filho precisar de uma doação, dificilmente ele usará as células dele mesmo. Sério?? Isso mesmo. A maior parte das doenças, como, por exemplo, a leucemia, pode estar “geneticamente contida” naquela célula tronco do cordão, então, não servirá para ele. Enfim, você paga pra armazenar as células, mas, na hora H, terá que achar, naquele banco, células de outro cordão que sejam geneticamente compatíveis com seu filho. Dessa forma, podemos concluir que o ideal seria a formação de um imenso banco público de células tronco. Todos doariam, sem ônus, e todos poderiam usá-las depois, com maior chance de encontrar um doador compatível. Este banco ainda não existe no Brasil.

Outro problema: as células do cordão ficam armazenadas por cerca de 10 anos. As pesquisas com células tronco são tão incipientes, que não se sabe se terá alguma utilidade, mesmo que seja pro filho de outra pessoa, o armazenamento delas hoje em dia a um custo financeiro tão alto para o casal.

Enfim, como em Recife não existe nenhum banco público em funcionamento, optamos por não armazenar. Confesso que gostaria muito de participar dessa fase de evolução da ciência. Entretanto, já que não posso colaborar doando as células de uma forma correta, vou tentar ajudar repassando às minhas amigas o pouco que aprendi sobre o assunto.
E, antes de terminar, se alguém optou por pagar e armazenar, por favor, não se sinta ofendido/a com este texto. Entendo que, os que fizeram essa escolha, tiveram a melhor das intenções em relação ao futuro do seu filho/a. Isso não aqui não é uma crítica aos pais que aderiram à idéia. É uma crítica aos bancos privados e aos que fazem uma propaganda enganosa sobre o assunto.

Um beijo em todas!!

2 comentários:

  1. Pra ser sincera, nunca pensei em guardar as células do cordão umbilical, mas tenho certeza de que será uma iniciativa válida em um futuro não muito distante.Parece que a Maga doou o cordão de Arthur para esse banco público que vc falou do Einstein.

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  2. Foi isso mesmo Guga. Quando Arthur nasceu, o Einstein que antes tinha o banco privado já tinha o transformado em público. Quando procurei me informar eles me explicaram exatamente o que Mirella falou. Além disso, Gustavo Fernandes, que é hematologista falor que em caso de a criança precisar usar as células tronco, a quantidade que ele tirou do cordão da propria criança é insuficiente para um transplante, teria que pegar material de outro dador para juntar.
    Ah, mesmo nos bancos públicos, caso a criança precise elaterá prioridade em usar suas células doadas.
    Valéria

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