quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Tomando banho de cimento

Diferente do que canta Cally Campelo naquela música velha e irritante, “Tomo um banho de luÁÁ...”, nossos carros, ao trafegarem pelas ruas da província que está a virar cidade grande, “tomam banho de cimentOO...”. Isso mesmo: foi o que aconteceu a mim e ao meu carro ontem, quando eu passava pela Av. Goiás, no outrora calmo e residencial Bairro dos Estados: tomamos um belo banho de cimento, que caiu do alto de um prédio em construção. Ah! Como eu fiquei feliz...feliz mesmo! Feliz porque não foi um tijolo ou uma peça de um andaime ou uma pá! Daí estariam hoje cimentando minha sepultura...

João Pessoa está crescendo, mas está crescendo a torto, a direito, a esquerdo e a diagonal, de maneira atabalhoada, sem quaisquer planejamentos ou fiscalização. É bom ver a cidade se expandindo e crescendo, é bom ver prédios sendo erigidos em bairros como Bancários, Altiplano, Jardim Luna, Bairro dos Estados... A contrução civil está a todo vapor, é visível, mas a coisa está desandando e vai continuar a desandar, devido a três problemas básicos, dois dos quais são atuais, e outro atual e futuro. Vejamos.

O primeiro problema atual é a segurança, organização e limpeza das obras: simplesmente, não há fiscalização! Cansei de passar por ruas da cidade e receber cusparadas de cimento, que, como disse acima, é o que menos importa, já que objetos piores, como tijolos e ferros, podem cair do alto dessas construções, ganhar uma força enorme devido à altura e, tragicamente, matar ou ferir feio algum transeunte, que pode ser uma criança indo ao colégio, uma pessoa atravessando a rua ou mesmo alguém dentro de um carro. Além desse ponto, referente à ausência de telas protetoras, há também a questão da limpeza das obras, muitas delas cheias de ratos, insetos e outras pestes, nada agradáveis à vizinhança.

O segundo problema atual diz respeito às garantias dos direitos trabalhistas, desde o uso de equipamentos de proteção individual à regularização das horas extras e do trabalho noturno. Tem coisas erradas em muitas obras da cidade, e o “Mistério” Público do Trabalho parece que não as vê. É trabalhador sem capacete labutando até altas horas em tudo quanto há de construção; eu mesmo cansei de ser acordado a 1h da manhã com barulho de enchedeiras e outras máquinas, batidas e ruídos diversos.

O terceiro problema, que se projeta no futuro e o que mais me estressa, porque eu ODEIO engarrafamento, concerne ao trânsito, que está, não paulatinamente, mas de maneira avassaladora, cada vez, mais caótico, estressante, insuportável, e essas obras de que falo são os principais agravantes do problema. Vejamos um bairro como o Altiplano: com três prédios construídos e funcionando e mais uns 10 em construção, já tem um movimento grande e um trânsito alarmante, que prejudica a Av. Beira-Rio e lhe prende por, pelo menos, meia horinha...imagine quando tudo estiver funcionando, com moradores e tudo o mais? O mesmo se diga em relação ao Jardim Luna, bairro que se tornou um verdadeiro canteiro de obra. Se estamos achando que o trânsito está ruim, pode ter certeza que a coisa vai piorar e nós vamos chegar em casa ainda mais estressados do que costumeiramente já chegamos. Não bastassem os problemas na casa e no trabalho, ainda temos que enfrentar os engarrafamentos, que fazem de nossas ruas verdadeiras filiais do Inferno.

O que eu posso fazer? Absolutamente nada. Aliás, posso rezar e pedir que Deus dê olhos e braços e mangas às “otoridades”...Ah...e não só posso como devo pagar pela lavagem e pintura do meu carro. Sim, porque cimento não faz muito bem à tinta preta. Nem à branca, nem à vermelha, nem à azul...

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